Olá magazinianos!
Hoje venho-vos falar de uma experiência emocionante que estou neste momento a viver: voluntariado no CHO (Centro Hospitalar do Oeste).
A minha escola (Escola Secundária Raul Proença) organiza, todos os anos, uma visita às instalações do CHO para os alunos do 12.º ano de Ciências e Tecnologias com Biologia. É-nos dada a possibilidade de conhecer 4 das maiores áreas da Saúde / Medicina que existem no hospital: Cirurgia, Pediatria, Fisioterapia / Reabilitação Física e Imuno-Hemoterapia (ou "Serviço do Sangue", como é mais conhecida). Durante 4 manhãs (uma para cada ala), não só conhecemos o trabalho dos profissionais em cada área, como experienciamos a vida agitada mas muito gratificante que se vive no ambiente hospitalar.
São muitos os pacientes que, mais ou menos doentes, esperam ansiosamente pela cura que lhes devolverá a saúde. Muitas vezes não é fácil dar conta de todos eles à taxa de velocidade que é esperada. Muitas vezes não é fácil lidar com certas doenças tão graves quanto desconhecidas. Muitas vezes não é fácil não nos envolvermos emocionalmente com os doentes. Portanto, a vida de hospital não é mesmo nada fácil.
Ah, mas quão gratificante é constatar o sorriso dos doentes, no final da consulta, e as suas palavras de agradecimento para com os profissionais que deram o seu melhor para os ajudarem. Poder contribuir, nem que seja infimamente, para a felicidade e bem-estar deles faz com que tudo valha a pena.
Com este discurso todo, até parece que já sou médica ou enfermeira. Não sou. Mas nestes dois dias em que vivi este ambiente apercebi-me bem do que disse. As enfermeiras que me orientaram e ao meu grupo deram a entender precisamente isso: que, apesar da exigência (e, no seu caso, da desvalorização da sua profissão), vale a pena só pelo carinho dos doentes e, claro, porque é algo que gostam de fazer (mesmo o ser humano mais bondoso do mundo pode não achar nada agradável ser enfermeiro se se der mal com agulhas e sangue).
Bem, mas o meu objetivo não é apenas expressar a vertente emocional da profissão de enfermeiro/médico. Viso, principalmente, relatar a sua vertente prática, isto é, em que é que realmente consta o seu trabalho.
Assim, hoje, explicarei em que é que consta a área da Fisioterapia e Reabilitação Física e da Imuno-Hemoterapia (as áreas que, até agora, tive a oportunidade de conhecer).
Ontem fui para a Fisioterapia, que, nas Caldas e no setor público, é realizada no Hospital Termal. O meu grupo foi orientado por uma fisioterapeuta muito simpática, disponível e prestável que nos deu a conhecer os cantos à casa.
Comecei por visitar o ginásio. Deparei-me com uma sala com várias camas, onde estavam deitadas algumas pessoas a exercitar os seus membros inferiores com a ajuda das fisioterapeutas. Encontravam-se, no meio da sala, duas barras dispostas paralelamente, com rolos cilíndricos por sua vez colocados perpendicularmente em relação às barras e paralelamente e de forma equidistante uns em relação aos outros. As barras serviram de auxiliar para a marcha de um senhor com reduzida mobilidade, e os rolos para obrigar os seus passos a terem um comprimento semelhante àquele que se verifica numa situação normal. Havia vários outros equipamentos que não estavam a ser utilizados, nomeadamente um espaldar, colchões, uma roda para propiciar o movimento dos membros superiores e aparelhos tecnológicos diversos.
Ainda nesta ala, uma profissional deu-nos uma pormenorizada explicação acerca das causas mais frequentes da redução ou mesmo perda da mobilidade, entre as quais se destacam os acidentes vasculares cerebrais (AVC). Por afetarem o cérebro, afetam o sistema nervoso que é responsável pela transmissão de informações (ou "comandos") a todo o corpo: quando é que uma perna vai avançar, quando é que um braço se vai levantar, etc. Assim, as pessoas que são atingidas por esta doença não só têm tendência a perder as suas antigas capacidades motoras, como podem deixar de falar coerentemente (no caso em que o AVC afeta o hemisfério esquerdo do cérebro), e, nesse caso, também têm de recorrer à terapia da fala para reaprenderem esta faculdade tão importante. Para além disso, fiquei a saber que, quando os córtices (plural de córtex) motores são afetados, a mobilidade reduz-se ou perde-se, mas esta consequência pode ser semelhante nos casos em que apenas as partes do cérebro responsáveis pela capacidade sensitiva são atingidas. Pense-se quando ficamos com os pés dormentes. Deixamos de os sentir, mas não deixamos de conseguir caminhar. Porém, como não os sentimos, não conseguimos manter o equilíbrio e, por isso, caminhar torna-se muito difícil. É mais ou menos isto que acontece no caso dos AVC que afetam a parte do cérebro responsável pela sensibilidade das partes do corpo.
Seguidamente, fui conhecer o departamento de reabilitação pediátrica.
Deparei-me com um bebé com dificuldade motora devido a uma doença do foro neurológico. Estava a fazer exercícios para estimular os movimentos de abertura dos membros superiores. Seguidamente, estive à conversa com a profissional de serviço, que me falou acerca da dificuldade de aprendizagem por parte destas crianças, uma vez que, ao contrário dos adultos, nunca tiveram a experiência de caminhar ou de fazer outros movimentos motores. Ademais, frisou, agora em termos gerais, o papel crucial da força de vontade na vitória desta batalha tão exaustante física e psicologicamente.
Visitei, por último, a ala da Terapia Ocupacional, na qual os pacientes são treinados para a prática das suas atividades quotidianas, através, por exemplo, da manipulação de molas, no caso dos mais crescidos. Nesta área, foram-nos também mostrados modelos de botas ortopédicas utilizadas por crianças cujas membros inferiores não se encontram na posição normal (na maior parte dos casos, os pés encontram-se para dentro) e modelos de suportes da cabeça, no caso em que o pescoço não lhe confere estabilidade. Os modelos citados são usados para corrigir estes problemas.
Achei a área da Fisioterapia muito interessante, pois alia teoria e prática. Afinal, para que as suas técnicas sejam corretamente exercidas, é necessário possuir todo um leque de conhecimentos relativos a diversas áreas da Medicina, como sejam a Neurologia, a Fisiologia, a Anatomia e mesmo a Psiquiatria.
Hoje, estive no Departamento de Imuno-Hemoterapia ("Serviço do Sangue"), que é completamente diferente do anterior. Neste, lida-se essencialmente com sangue, como o próprio nome indica. É responsável pela realização de transfusões e análises sanguíneas e outros procedimentos como a flebotomia (punção venosa), atividades estas diretamente ligadas ao doente. Porém, também abrange a realização, em laboratório, de testes de compatibilidade entre diversos tipos de sangue, a fim de se encontrar aquele(s) que permitirá/permitirão uma transfusão sanguínea bem sucedida.
Observei duas colheitas de sangue, uma com o objetivo de verificar quais os níveis de açúcar no sangue de um diabético e a outra que visava analisar a concentração de componentes no sangue de um hipertenso. Também visualizei uma flebotomia (que, confesso, me impressionou, devido à enorme quantidade de sangue - 450 mL - que foi sendo extraída a alta velocidade da veia do doente). A causa deste procedimento foi o seu excesso de ferro.
Esta área também me cativou mas, simultaneamente, deixou-me um pouco impressionada, pois lida diariamente com agulhas de vários calibres (alguns mesmo grandes) e enormes proporções de sangue.
Bem, por agora é tudo. Segunda volto ao serviço e ponho-vos a par das restantes áreas mencionadas da Medicina.
P.S.: Espero que não tenha feito ninguém desmaiar.
Hoje venho-vos falar de uma experiência emocionante que estou neste momento a viver: voluntariado no CHO (Centro Hospitalar do Oeste).
A minha escola (Escola Secundária Raul Proença) organiza, todos os anos, uma visita às instalações do CHO para os alunos do 12.º ano de Ciências e Tecnologias com Biologia. É-nos dada a possibilidade de conhecer 4 das maiores áreas da Saúde / Medicina que existem no hospital: Cirurgia, Pediatria, Fisioterapia / Reabilitação Física e Imuno-Hemoterapia (ou "Serviço do Sangue", como é mais conhecida). Durante 4 manhãs (uma para cada ala), não só conhecemos o trabalho dos profissionais em cada área, como experienciamos a vida agitada mas muito gratificante que se vive no ambiente hospitalar.
São muitos os pacientes que, mais ou menos doentes, esperam ansiosamente pela cura que lhes devolverá a saúde. Muitas vezes não é fácil dar conta de todos eles à taxa de velocidade que é esperada. Muitas vezes não é fácil lidar com certas doenças tão graves quanto desconhecidas. Muitas vezes não é fácil não nos envolvermos emocionalmente com os doentes. Portanto, a vida de hospital não é mesmo nada fácil.
Ah, mas quão gratificante é constatar o sorriso dos doentes, no final da consulta, e as suas palavras de agradecimento para com os profissionais que deram o seu melhor para os ajudarem. Poder contribuir, nem que seja infimamente, para a felicidade e bem-estar deles faz com que tudo valha a pena.
Com este discurso todo, até parece que já sou médica ou enfermeira. Não sou. Mas nestes dois dias em que vivi este ambiente apercebi-me bem do que disse. As enfermeiras que me orientaram e ao meu grupo deram a entender precisamente isso: que, apesar da exigência (e, no seu caso, da desvalorização da sua profissão), vale a pena só pelo carinho dos doentes e, claro, porque é algo que gostam de fazer (mesmo o ser humano mais bondoso do mundo pode não achar nada agradável ser enfermeiro se se der mal com agulhas e sangue).
Bem, mas o meu objetivo não é apenas expressar a vertente emocional da profissão de enfermeiro/médico. Viso, principalmente, relatar a sua vertente prática, isto é, em que é que realmente consta o seu trabalho.
Assim, hoje, explicarei em que é que consta a área da Fisioterapia e Reabilitação Física e da Imuno-Hemoterapia (as áreas que, até agora, tive a oportunidade de conhecer).
Ontem fui para a Fisioterapia, que, nas Caldas e no setor público, é realizada no Hospital Termal. O meu grupo foi orientado por uma fisioterapeuta muito simpática, disponível e prestável que nos deu a conhecer os cantos à casa.
Comecei por visitar o ginásio. Deparei-me com uma sala com várias camas, onde estavam deitadas algumas pessoas a exercitar os seus membros inferiores com a ajuda das fisioterapeutas. Encontravam-se, no meio da sala, duas barras dispostas paralelamente, com rolos cilíndricos por sua vez colocados perpendicularmente em relação às barras e paralelamente e de forma equidistante uns em relação aos outros. As barras serviram de auxiliar para a marcha de um senhor com reduzida mobilidade, e os rolos para obrigar os seus passos a terem um comprimento semelhante àquele que se verifica numa situação normal. Havia vários outros equipamentos que não estavam a ser utilizados, nomeadamente um espaldar, colchões, uma roda para propiciar o movimento dos membros superiores e aparelhos tecnológicos diversos.
Ainda nesta ala, uma profissional deu-nos uma pormenorizada explicação acerca das causas mais frequentes da redução ou mesmo perda da mobilidade, entre as quais se destacam os acidentes vasculares cerebrais (AVC). Por afetarem o cérebro, afetam o sistema nervoso que é responsável pela transmissão de informações (ou "comandos") a todo o corpo: quando é que uma perna vai avançar, quando é que um braço se vai levantar, etc. Assim, as pessoas que são atingidas por esta doença não só têm tendência a perder as suas antigas capacidades motoras, como podem deixar de falar coerentemente (no caso em que o AVC afeta o hemisfério esquerdo do cérebro), e, nesse caso, também têm de recorrer à terapia da fala para reaprenderem esta faculdade tão importante. Para além disso, fiquei a saber que, quando os córtices (plural de córtex) motores são afetados, a mobilidade reduz-se ou perde-se, mas esta consequência pode ser semelhante nos casos em que apenas as partes do cérebro responsáveis pela capacidade sensitiva são atingidas. Pense-se quando ficamos com os pés dormentes. Deixamos de os sentir, mas não deixamos de conseguir caminhar. Porém, como não os sentimos, não conseguimos manter o equilíbrio e, por isso, caminhar torna-se muito difícil. É mais ou menos isto que acontece no caso dos AVC que afetam a parte do cérebro responsável pela sensibilidade das partes do corpo.
Seguidamente, fui conhecer o departamento de reabilitação pediátrica.
Deparei-me com um bebé com dificuldade motora devido a uma doença do foro neurológico. Estava a fazer exercícios para estimular os movimentos de abertura dos membros superiores. Seguidamente, estive à conversa com a profissional de serviço, que me falou acerca da dificuldade de aprendizagem por parte destas crianças, uma vez que, ao contrário dos adultos, nunca tiveram a experiência de caminhar ou de fazer outros movimentos motores. Ademais, frisou, agora em termos gerais, o papel crucial da força de vontade na vitória desta batalha tão exaustante física e psicologicamente.
Visitei, por último, a ala da Terapia Ocupacional, na qual os pacientes são treinados para a prática das suas atividades quotidianas, através, por exemplo, da manipulação de molas, no caso dos mais crescidos. Nesta área, foram-nos também mostrados modelos de botas ortopédicas utilizadas por crianças cujas membros inferiores não se encontram na posição normal (na maior parte dos casos, os pés encontram-se para dentro) e modelos de suportes da cabeça, no caso em que o pescoço não lhe confere estabilidade. Os modelos citados são usados para corrigir estes problemas.
Achei a área da Fisioterapia muito interessante, pois alia teoria e prática. Afinal, para que as suas técnicas sejam corretamente exercidas, é necessário possuir todo um leque de conhecimentos relativos a diversas áreas da Medicina, como sejam a Neurologia, a Fisiologia, a Anatomia e mesmo a Psiquiatria.
Hoje, estive no Departamento de Imuno-Hemoterapia ("Serviço do Sangue"), que é completamente diferente do anterior. Neste, lida-se essencialmente com sangue, como o próprio nome indica. É responsável pela realização de transfusões e análises sanguíneas e outros procedimentos como a flebotomia (punção venosa), atividades estas diretamente ligadas ao doente. Porém, também abrange a realização, em laboratório, de testes de compatibilidade entre diversos tipos de sangue, a fim de se encontrar aquele(s) que permitirá/permitirão uma transfusão sanguínea bem sucedida.
Observei duas colheitas de sangue, uma com o objetivo de verificar quais os níveis de açúcar no sangue de um diabético e a outra que visava analisar a concentração de componentes no sangue de um hipertenso. Também visualizei uma flebotomia (que, confesso, me impressionou, devido à enorme quantidade de sangue - 450 mL - que foi sendo extraída a alta velocidade da veia do doente). A causa deste procedimento foi o seu excesso de ferro.
Esta área também me cativou mas, simultaneamente, deixou-me um pouco impressionada, pois lida diariamente com agulhas de vários calibres (alguns mesmo grandes) e enormes proporções de sangue.
Bem, por agora é tudo. Segunda volto ao serviço e ponho-vos a par das restantes áreas mencionadas da Medicina.
P.S.: Espero que não tenha feito ninguém desmaiar.
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