Saudações, magazinianos!

Já não partilhava convosco notícias minhas há muitoooo tempo! Porém, mais vale tarde do que nunca, e a verdade é que as férias de verão são a altura perfeita para o fazer.

Ontem foi um dia diferente e especial, pois andei pela Colina de Santana, mais conhecida por Colina da Saúde, de visita à Escola Médica da Universidade NOVA de Lisboa e ao Hospital de São José. Para além disso, foi também um golpe de sorte, uma vez que fui uma das 10 selecionadas para participarem neste programa tão elucidativo.

Bem, passemos então à narração do meu dia "hospitaleiro".

Já tinha visto as instalações da NOVA Medical School antes, porém, apenas virtualmente. Assim, chegar ao local e deparar-me com um grande edifício apalaçado foi uma agradável surpresa.

Presenças marcadas, partimos para o hospital referido rumo aos laboratórios de análises clínicas.

Começámos por conhecer um laboratório no qual o sangue era analisado através de dois mecanismos distintos mas interdependentes, um responsável pelos seus constituintes celulares (hemácias, leucócitos e plaquetas) e o outro relativo ao plasma. Através de tecnologia de ponta, as amostras de sangue circulavam ao longo de toda a extensão da longa sala, como numa linha de montagem, precisamente devido à multiplicidade de tarefas a realizar em cada uma.
Posteriormente, seguimos para outra sala onde as proteínas reinavam, visto que eram as moléculas nas quais a análise incidia. Assim, através de técnicas como a de eletroforese e a de PCR, as proteínas podiam ser investigadas e, consequentemente, também o material genético que esteve na base da sua síntese (formação), algo essencial para o despite de doenças genéticas ou relacionadas com mutações nos genes.
Seguidamente, visitámos as instalações do departamento de Biologia Celular, no qual células eram avaliadas segundo critérios de citometria (aspeto e tamanho celular), presença ou não de antigénios característicos de determinada doença infeciosa (de modo a fazer a sua deteção) e de autoimunidade, isto é, presença de glóbulos brancos direcionados para o ataque de células do próprio organismo.
Também neste laboratório constavam os mais recentes equipamentos do mercado direcionados para este estudo.
Por fim, terminámos a nossa visita ao departamento de Análises Clínicas numa pequenina mas muito atarefada sala onde as técnicas utilizadas eram essencialmente manuais, provando que a mão humana continua a ser um instrumento precioso para a investigação científica.

Após um intervalo para lanche, dirigimo-nos para a ala de Urologia, onde, apesar da azáfama, conseguimos conhecer os cantos à casa e até assistir a um exame para diagnosticar um tumor na próstata.

A manhã terminou no departamento de Anatomia Patológica, onde tivemos a sorte de assistir a uma avaliação macroscópica de dois ovários afetados por tumores, um maligno e outro benigno, podendo assim ficar a conhecer melhor as funções de um médico desta área. Estes ovários tinham sido previamente retirados a uma mulher ainda sob anestesia e a avaliação dos seus tumores era essencial para decidir como proceder no resto da operação, o que demonstra o quão importante é esta área, não raras vezes esquecida e menosprezada. Contudo, tivemos ainda a possibilidade de ficar a saber mais sobre as técnicas microscópicas de análise de tecidos, através da observação de preparações de um tecido de um tumor cerebral em estádio de máximo gravidade. Por conseguinte, aprendi que nesta especialidade se procura conhecer as doenças que afetam um ou mais órgãos extraídos de um paciente vivo ou já morto, o que permite elaborar um diagnóstico e, com base nele, um tratamento, no primeiro caso, e conhecer a(s) causa(s) da morte, no segundo.
Gostava ainda de deixar registada a enorme amabilidade, disponibilidade e preocupação em veicular o máximo de informação possível por parte dos dois profissionais que nos acompanharam nesta visita.

Depois de uma manhã tão preenchida, fomos recarregar baterias à cantina, afinal, uma tarde não menos ocupada estava à nossa espera.

Assim, depois do almoço, assistimos a uma elucidativa apresentação sobre a NMS | FCM dada pelo presidente da Associação de Estudantes desta faculdade, que nos esclareceu toda e qualquer dúvida sobre o acesso a Medicina, o curso em si e a oferta da faculdade (que, desde o ano letivo passado, passou também a lecionar Ciências da Nutrição).

Mas o melhor ainda estava para vir...
Depois de conhecer a vida de um laboratório onde todas as ruas, ou antes, todas as análises iam dar e de parte do alucinante serviço médico de um hospital central, bem como o grande auditório da faculdade nascida no séc. XIX, tive a (tenebrosa) oportunidade de conhecer...
... a mística sala dos filmes de terror envolvendo cientistas malucos!
É verdade, assim que entrei no Teatro Anatómico, tive a sensação de estar a entrar dentro de um filme. Diante de mim estendia-se uma longuíssima sala por onde já haviam passado centenas ou mesmo milhares de corpos e outros tantos profissionais de saúde, que preservava ainda a sua arquitetura original, idêntica à que nos é apresentada pela sétima arte. 6 mesas, 4 corpos, mas cobertos. Um intenso cheiro a formol, produto usado para conservar os corpos. E uma aura de respeito e de gratidão por aqueles que, vivos, decidiram doar um dos seus bens mais preciosos - o seu corpo - à ciência. Apesar de não ter podido ver nenhum cadáver, consegui reter uma significativa ideia dos procedimentos a operar neste espaço e sentir a densidade da sua atmosfera (o formol ajudou bastante!).

Por fim, deslocámo-nos a um outro edifício da faculdade, mais recente, onde assistimos à simulação de casos de cardiologia e de pneumologia em modelos (bonecos), cujo batimento cardíaco e murmúrio vesicular, respetivamente, eram emitidos por computadores devidamente equipados para o efeito.

Foi um dia cansativo, muito quente, mas também muito enriquecedor. Qualquer que seja o meu percurso, sei que este dia me acompanhará sempre, pois o backstage da Medicina não é para todos! ;)

Espero que tenham gostado desta viagem pelo universo da Medicina tanto como eu gostei!

Até breve.




















Comentários

  1. Eu como leiga nestes assuntos, fiquei fascinada pela maneira como descreves todos esses conhecimentos de medicina, que muitas vezes nos passam ao lado. Desejo que tenha sido proveitosa e útil essa " viagem.
    Maria Teresa Leitão

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